Texto de opinião publicado na edição 523 de 22Mar do Jornal do Centro
Nem com eles, nem sem eles! Nesta frase se poderia de forma simplória resumir a relação que muitos cidadãos têm com a comunicação social pesando apenas as vantagens e inconvenientes da mesma, mas sem majorar os benefícios intangíveis da mesma. De facto, não basta estar informado ou ter acesso à informação para que se esteja consciente do que quer que seja. Mas sublinhe-se que o ter acesso a essa informação e estar informado possibilita desde logo uma abertura de horizontes, que é um ponto de partida para o conhecimento e para a expressão de uma cidadania participativa. Por cá temos assistido, nos últimos tempos, a um fecho de portas nalguns órgãos de comunicação social local e os que ainda subsistem deixam no ar a sensação de que não resistirão muito mais e em breve será mais sem eles que com eles. Até mesmo aqueles para quem isso possa ser indiferente perceberão a sua falta no dia em que o mudo silêncio da ignorância abafar o saudável ruído da comunicação. Por acaso, já imaginaram o que será vir a conhecer a vida da cidade apenas pela informação dos órgãos oficiais dos partidos, dos boletins e newsletters das instituições ou pior que isso apenas pela informação online como a sempre tendenciosa do blog Viseu Senhora da Beira, daquela sem ponta por onde se lhe pegue como d’O Rotundas ou pior ainda pelo “boato do diz que disse das 4 esquinas”? Voltaríamos aos tempos da era medieval, vivendo na globalidade cibernética, no entanto incapazes de destrinçar o real do virtual e muito próximos do pior dos cenários orwellianos! É por isso que também precisamos da imprensa local, para pensar global sem perdermos a capacidade de participação local.