Poucos serão os viseenses que não tenham uma divida de gratidão para com o CHTV. Muitos acrescentarão a isso também uma critica negativa, mas é só até ao dia em que tenham que recorrer em último recurso àquele serviço. Pessoalmente, os meus filhos mais novos foi ali que viram o mundo pela primeira vez, foi ali que acorri em aflição pensando que a vida ia acabar e renasceu a troco de uma vesícula e ali acorro quando a falta de saúde assim obriga. É ali que encontramos excelentes profissionais, desde o corpo clínico aos voluntários hospitalares passando pelo pessoal de enfermagem, auxiliares e funcionários das diversas áreas de apoio. Não há instituições perfeitas é facto, mas foi ali que durante os últimos anos os gestores hospitalares Alexandre Ribeiro, Ermida Rebelo e Cilio Correia, emprestaram um humanismo ao serviço que o cotou como um dos melhores a nível nacional. A nova equipa de gestão tem igual desafio pela frente a que soma os difíceis tempos de combate ao Covid.
Os recursos humanos disponíveis não estão blindados nem ao vírus nem ao cansaço do combate diário, os equipamentos e os consumíveis são perecíveis, os orçamentos curtos face às necessidades e a única coisa que não mudam são os doentes, todos os dias acorrem ao CHTV. Há dias chamou-me a atenção a preocupação da gestão em humanizar os serviços, através de uma nova candidatura do Sistema de Apoio à Modernização Administrativa (SAMA) através do projecto DIR@CHTV- Desmaterializar, Integrar e Robotizar. É importante, mas no momento não passa de um projecto de intenção. Há todo um caminho a percorrer para tornar isso realidade, até que essa facilidade melhore a vida aos utentes, familiares e profissionais.Do alto da Sé, à luz dos valores do herói lusitano, um olhar critico, independente e exigente sobre as terras e gentes da região de Viriato. Com as referências do passado, as preocupações do presente e a esperança no futuro, olha-se para esta encruzilhada de gentes e vontades beirãs nesta linda Cidade Museu no coração de Portugal!...
20/12/2020
10/11/2020
A gestão da crise pandémica em Viseu tem sido “pandemónica”
A experiência da primeira vaga desta pandemia com início em Março e a própria História permitem tirar algumas lições e a primeira é a certeza de que não dura para sempre, iremos vencer mais este desafio.
É provável que a doença Covid-19 continue a existir, mas irá surgir um momento em que deixará de ter condições para se propagar de forma tão contagiosa e passará a ser mais uma circunstância do quotidiano.
Outra lição é de que existirão efeitos secundários de dimensão, quer do ponto de vista social quer económico, e não havendo tratamentos milagrosos tudo o que a governação pode fazer é tentar minimizar estes impactos.
Se alinharmos pela ideia dos negacionistas de que “isto é só mais uma espécie de gripe”, o impacto na economia não deixará de ser negativo e mesmo os que atiram com o modelo sueco para a frente, se tiverem alguma seriedade intelectual constatarão que a Suécia tem um mau resultado na saúde – com quase seis vezes mais mortos por milhão de habitantes do que a vizinha Dinamarca, por exemplo – e na economia o panorama também é mau com o PIB sueco a cair no segundo trimestre de 2020 de 8,6%.
É evidente que não temos economia capaz de aguentar um novo confinamento geral como o de Março e o Estado não tem capacidade para suportar as famílias e as empresas durante esse tempo e portanto, teremos que encontrar um ponto de equilíbrio entre manter escolas e comércio aberto, as empresas e os restaurantes, a agência bancária e o barbeiro, os cafés e os ginásios, etc., mas com a garantia de manter os locais higienizados e arejados, as pessoas fisicamente distanciadas e protegidas com máscara e mesmo assim assumir que haverá sempre risco.
Contudo, combater a pandemia e manter a economia a funcionar ao mesmo tempo é uma falsa dicotomia e haverá sempre prejuízos a lamentar, e na minha modesta opinião de humanista convicto, o que é mau para a saúde é no curto prazo péssimo para a economia. Perguntarão então, o que fazer? A solução passa por ser proactivo e preventivo, tomando em tempo e oportunidade as medidas necessárias para combater a propagação da doença, para evitar a perda de mais vidas e da economia cair ainda mais e mais tempo demorar na recuperação.
A gestão da crise pandémica em Viseu tem sido “pandemónica”, quer pela omissão e inaptidão das medidas do executivo, quer pela incompetência e falta de visão do autarca local secundado pelo silêncio cúmplice da autoridade de saúde, ou até pela ignorada figura do coordenador regional do centro no combate ao SarsCov2.
07/11/2020
Os serviços municipais da Câmara de Viseu – Um retrato de instabilidade
É um lugar comum afirmar-se que os Recursos Humanos (RH) são fundamentais para o prosseguimento da missão e dos objetivos de qualquer organização, seja ela pública ou privada.
Nas Câmaras Municipais, enquanto órgãos executivos, a Gestão Estratégica dos Recursos Humanos torna-se um investimento necessário para a melhoria contínua na prestação de serviços públicos. Isso, tendo em conta que a descentralização de competências da Administração Pública Central, para as Autarquias Locais, acarreta um aumento de responsabilidades e requer maior capacidade de resposta às demandas sociais. Uma gestão da Administração Local não exige apenas uma outra racionalidade económica e passa também por uma mudança de postura na Administração Autárquica, visando um Serviço Público de qualidade com eficiência, eficácia, economicidade e flexibilidade, sendo fundamental a inovação através da criação de novas condições de interação entre a tecnologia e as dimensões sociais, económicas e culturais, tendendo a uma desburocratização dos serviços e aproximação aos cidadãos.
É ainda necessária, uma restruturação que melhor responda à satisfação das necessidades dos munícipes e ao nível operacional ou técnico, é preciso novas técnicas de gestão dos recursos, sendo que no tocante aos RH há que se olhar para os problemas relativos à motivação, avaliação, remuneração e produtividade. Posto isto e atento ao que aqui neste jornal se adiantou em matéria de RH na autarquia viseense, é notório que o actual executivo denota uma total insensibilidade para esta área essencial na gestão e em especial ao longo do último mandato tem-se sentido uma silenciosa instabilidade na organização dos serviços municipais, com desconfiança pública e dado a queixas sistemáticas.
Ocorreram mudanças com múltiplos ajustamentos na orgânica dos serviços municipais, que já deviam ser percepcionadas nas intervenções urbanas (obras públicas) e na prontidão e rapidez das respostas, bem como no atendimento às iniciativas dos munícipes. Mais evidente isso se torna quando é o próprio autarca a reconhecer a ineficácia de áreas como o Urbanismo e a denegrir o serviço dos seus técnicos, esquecendo até na pressa de arranjar desculpas do facto na má gestão dos seus antecessores (e não é displicente essa crítica), que a responsabilidade última é sempre de quem manda.
Não há por princípio na autarquia de Viseu maus funcionários, o que pode haver é uma má gestão dos RH que leva a que alguns se escondam nesse facto. Já Camões dizia que “um fraco rei faz fraca a forte gente” (III-138) e portanto, poucos viseenses desconhecem as verdadeiras causas de os funcionários da autarquia não serem tão diligentes e profissionais como gostam de ser e são capazes de fazer!
21/10/2020
Viseu Vírus Zero – Uma proposta, 25 medidas!
Perante o cenário que se avizinha o concelho de Viseu devia adoptar um comportamento proactivo de defesa e desde já estudar a melhor forma de combater a 2ª vaga do Covid-19 contribuindo para a saúde da população em geram e dando um contributo sério e um apoio adicional no esforço nacional para evitar o colapso do sistema de saúde em especial no CHTV. Muitas destas responsabilidades cabem ao governo central mas em tempo de pandemia e de urgência não podemos ficar à espera da decisão de Lisboa. Em Viseu terão que ser os viseenses pelos viseenses.
Assim, salvo melhor opinião, fica para quem a quiser
entender como sua a proposta de trabalho abaixo cujo objectivo é o de focalizar
entidades, empresas e cidadãos no combate ao SARS-COV2 e reunir esforços concentrando
recursos para um combate mais efectivo à 2ª vaga do vírus tornando Viseu um
concelho de casos zero!
Importa uma vez mais, esclarecer, sensibilizar,
organizar e normalizar todos os agentes no processo de decisão e de comunicação
por forma a que todos os viseenses, da freguesia à cidade, saibam:
• Interpretar os conceitos básicos da pandemia,
• Identificar os sinais e sintomas, vias de
transmissão e período de incubação,
• Interpretar o modo de diagnóstico da doença e o
tratamento e os factores de risco;
• Identificar as medidas de prevenção geral e no local
de trabalho face à COVID-19;
• Definir as medidas de higiene a implementar no
dia-a-dia e no local de trabalho.
20/10/2020
A politica da rolha!
Está instalado um regime persecutório no Rossio, uma atitude intimidatória e lesiva da democracia que visa impedir o exercício da liberdade de expressão por parte dos viseenses e que ocupa hoje os gabinetes do executivo viseense a julgar pelos acontecimentos que correm pela cidade.
Não é de agora a ameaça que o autarca fez publicamente aos vereadores da oposição de que ainda irão “malhar com as costas na Justiça” coagindo a sua acção política para a qual foram, tal como ele, eleitos.
Nesta matéria a curiosidade na cidade de quem será o primeiro a ir malhar com os ossos no banco dos réus mantém-se!
Não é de agora e tiveram um bom mestre, tendo ficado famosa a incitação à violência sobre os fiscais do ambiente para serem corridos à pedrada ou até, no caso pessoal, a litigância de má fé que o então autarca me moveu ao longo dos seu último mandato, incomodado com a critica politica, dado que nos primeiros nunca se sentiu ofendido nos passeios por mim organizados ou com o pão alentejano que tanto prazer me deu poder trazer das planícies do amarelo trigo. Outros tempos que ainda assim me obrigaram a tirar do bolso o que seria para os meus filhos em defesa do meu bom nome e que só a Relação de Coimbra absolveu, dado que em Viseu o compromisso e o medo ditaram o desfecho esperado.
Neste combate à semelhança do que soube agora estar a acontecer com um amigo, as armas não são as mesmas. De um lado está uma poderosa máquina de advogados pagos a peso de ouro pelo erário público e do outro um cidadão anónimo que retirará do rendimento do seu trabalho os custos judiciais e o patrocínio casuístico para não ser imolado na praça pública por aqueles, os mesmos, que detêm uma brutal máquina de comunicação que vigia, filtra, fiscaliza, no novo léxico do “dono disto tudo”, o que esse cidadão expressou nas redes sociais.
14/10/2020
Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica - O concelho de Viseu - Opinião IV
Fui desafiado pelo Fernando Figueiredo para escrever umas curtas linhas sobre o Plano de Recuperação Económica.
Depois de ponderada análise, optei por não ler um novo documento cozinhado nos escritórios do Eixo Lisboa - Porto. Eixo que nos conduziu à situação que hoje vivemos. Eu, como qualquer jovem do interior (nascido nos últimos 40 anos), se quer ter acesso ao elevador social, tem de estudar e trabalhar e referido Eixo Lisboa - Porto ou emigrar como fizeram os avós, os pais e os tios de muitos jovens do interior. O referido Eixo Lisboa - Porto, quase sempre contando com a complacência dos eleitos locais, muitas vezes contando com o apoio dos "nossos" autarcas, deputados, secretários de estado, ministros, tratou de garantir que a ascensão social é missão impossível no interior. Desse modo, lamento Fernando, eu sou do interior, não vou ler mais um papel impresso num gabinete de Lisboa, desenhado à medida dos interesses da capital e do porto, não posso cometer essa traição à minha gente. No entanto, estou certo que aquele plano em nada nos representa, em nada representa os interesses do interior. Por isso não obrigado, estou farto de ouvir as boas intenções de Lisboa e do Porto! Provoca em mim o mesmo tipo de interesse que ouvir um milionário a discutir contra um reduzido aumento do ordenado à senhora que veio de um país subdesenvolvido para lhe limpar a casa e aturar os filhos a troco de 600 euros, mais coisa menos coisa o ordenado do viseense comum.
11/10/2020
Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica - O concelho de Viseu - Opinião III
(...)
Abunda no meio mediático político alicerçado no plano de resiliência redigido pelo nosso governo pródigo em promessas infrutíferas, uma unanimidade seguidista sem o respaldo dos nossos representantes locais. Tudo e todos iludem o pobre cidadão na esperança de melhores dias.
O uso abusivo do termo resiliência (que merece uma maior dignificação) sem o menor conhecimento ou sustentação teórica e histórica deste, assume nos escombros desta crise sanitária. A resiliência é explorada pelas ciências sociais nos estudos teóricos sobre a “organização dos sistemas” baseadas no indivíduo, integrado numa sociedade, numa economia, num ecossistema, presente nos núcleos urbanos e território rural e que usufrui de infraestruturas e serviços.
Perante o colapso de entidades prestadoras de serviços e cuidados bem como a economia, a resiliência tem como fim útil, o exercício reflectivo, rumo a estratégias inovadoras com vista a fortalecer, o tecido social, produtivo, civil e ambiental bem preso por “arames” em Portugal e na nossa região. Para todas as crises deve ser definido um ciclo resiliente, infelizmente este está negligenciado e ocultado por quem nos governa e que elucida a imagem.
09/10/2020
Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica - O concelho de Viseu - Opinião II
Na sequência do artigo anterior fica hoje aqui a opinião do segundo jovem, identificado com uma ideologia liberal e que de forma telegráfica e assertiva analisa o Plano de Recuperação Económica e de Resiliência no que importa à região e a Viseu.
O PEES de António Costa e Silva não se diferencia em nada das dezenas de planos dirigistas centralizadores que foram sendo apresentados ao longos dos últimos 45 anos de democracia, completamente desligados do país real – como não poderia deixar de ser quando são feitos a partir do conforto dum escritório com A/C algures na Baixa Pombalina. Neste documento com quase 150 páginas, diz-se tudo e diz-se nada, tudo e nada é prioritário e não faltam provas do quão desajustadas são as propostas.
Viseu parece referido apenas 5 vezes no documento e sempre sem qualquer adesão à realidade, como e.g. “o cluster de Viseu como paradigma da cidade do futuro”, “Autarquias Laboratório” que existem no país, como é o caso de Viseu” ou ainda “Viseu, (…) há muito aposta na mobilidade inteligente”. Costa e Silva e eu certamente conhecemos uma Viseu muito diferente, e pelo facto de viver numa há mais de 20 anos, tendo a considerar que não sou eu quem está alheado da realidade. A visão para o Interior é igualmente despegada de empirismo ou de verdadeiras soluções que possam ser aplicadas de forma estruturada e com um calendário próprio, desde logo porque a abordagem parte duma visão idealizada dum território que não existe.
08/10/2020
Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica - O concelho de Viseu - Opinião I.
Atento ao vazio de ideias e ao silêncio que se vive na região e em especial no concelho de Viseu sobre o importante Plano de Recuperação e Resiliência que será a linha orientadora dos investimentos, apoios e politicas económicas e de desenvolvimento nos próximos anos desafiei 4 "jovens" a pronunciarem-se sobre essa matéria. Fica claro que o concelho tem massa critica, que não precisa estar condicionado ao marasmo das ideias de betão de Fernando Ruas ou às redondas opiniões queijeiras de Jorge Coelho mas sem uma voz única de sociedade civil, associações, autarcas e deputados eleitos por Viseu não seremos ouvidos em Lisboa.
O que fica também claro, 46 anos depois do 25 de Abril, é a certeza instalada de que se essa opinião for assumida fica em risco o emprego, o negócio e o quotidiano de quem assim pensa. Essa é a razão pela qual aqui encontram dessa forma eco mas também pela esperança que me transmitem de que ainda seremos capazes de construir um novo concelho e um melhor País.
22/09/2020
O antigo matadouro de Viseu, um retrato de incúria. Que alternativa?
Para projectar o futuro, a médio e longo prazo, não se pode recorrer a velhos planos e estratégias falhadas como as que nas ultimas décadas estagnaram a região e o país.
Apostar em velhas
fórmulas só faz prolongar o marasmo existencial que acomete a nossa sociedade. A
compreensão e detecção dos distúrbios, tais como a falência do modo de operação
das entidades financeiras (com as suas irregularidades), as económicas (como a
obsolência das operações) e sociais (falta de acompanhamento dos mais
vulneráveis) no seu devido tempo levam a regressões cujos impactos podem ser
difíceis de mitigar ou mesmo impossível de eliminar.
A autonomia é um
factor preponderante no desenvolvimento equitativo de uma região, já que em
caso de disrupções exteriores, uma determinada estrutura é um ponto distintivo
no quadro representativo do País, capaz de exercer ou assumir a função
operativa de outras infraestruturas semelhantes. A palavra autonomia com o seu
significado e conjugado com a capacidade operativa ou de processamento e a
livre iniciativa são as principais bases para colmatar deficiências crónicas
que grassam pelo nosso concelho.
Um exemplo ilustrativo que perdura há imenso tempo é o do antigo matadouro de Viseu sito em São João da Carreira, que com o seu encerramento caiu no desprezo crónico dos nossos governantes locais sem a agilização de alternativas fiáveis aos produtores.
19/09/2020
Não confundir Viseu Marca com a Marca Viseu!
A Sábado desta semana destaca as “mulheres de autarcas de Viseu em empregos dirigidos por maridos”. Trata-se de um assunto que não é novidade para nenhum dos viseenses atentos e interessados pela vida política do concelho. Aliás, bastaria ao jornalista da Sábado uma googladela mais afinada para sem dificuldade engrossar o tema e porventura, emprestar matéria de relevo ao MP que até poderá estar já em investigação, tantas foram as visitas que a PJ já realizou ao Rossio, mas vamos circunscrevermos-nos aos factos.
Ora, sigam estes passos:
1. Façam uma busca por “Júri Viseu Marca” e logo o motor de pesquisa vos devolverá na primeira linha um pdf relativo a um concurso da Feira de São Mateus.
2. Se visualizarem o pdf logo no ponto 2 constatarão que o júri do ajuste directo foi constituído por Cristina Almeida Henriques, esposa do autarca como presidente do júri no que foi coadjuvada pelo vereador Jorge Sobrado.
Ora, não sendo jurista pode a minha análise colher erros técnicos contudo, um leigo reconhecerá com facilidade que o “ajuste directo” em causa está previsto pelo DL n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, vulgo Código dos Contratos Públicos e é essa mesma legislação que é avocada neste caso através do art. 24 (vidé ponto 2). De acordo com o Regulamento da Feira de São Mateus, que pode ser consultado no site, a Feira de São Mateus é organizada e realizada pela Viseu Marca “sendo que, a entidade promotora da Feira de São Mateus é a Câmara Municipal de Viseu” e à data o presidente da Câmara Municipal de Viseu é António Joaquim Almeida Henriques, casado com Cristina Almeida Henriques, presidente do júri do supra referido concurso público, advogada, inscrita na Ordem dos Advogados com a cédula activa num domicilio que foi e é utilizado como sede de várias empresas, conforme uma consulta fiscal ao portal da Justiça poderá constatar. O art. 67º, n.º 5 do supra mencionado CCP, determina que “antes do início de funções, os membros do júri e todos os demais intervenientes no processo de avaliação de propostas, designadamente peritos, subscrevem declaração de inexistência de conflitos de interesses, conforme modelo previsto no anexo XIII ao presente Código e que dele faz parte integrante.” A Srª Dra. Cristina Almeida Henriques, enquanto cônjuge do Sr. Presidente da CMV, entidade promotora da Feira de São Mateus, e, enquanto advogada e conhecedora do Direito e das incompatibilidades que decorriam da sua posição enquanto presidente de júri, no âmbito da contratação pública, bem sabia que lhe era impossível subscrever tal declaração de inexistência de conflitos de interesses, a menos que o fizesse com a omissão de vários preceitos legais, nomeadamente, o art. 69º, n.º 1, al. b) do CPP, que impede que os titulares de órgãos da Administração Pública e os respetivos agentes, possam intervir em procedimento administrativo ou em acto ou contrato de direito público ou privado da Administração Pública, quando por si ou como representantes ou gestores de negócios de outra pessoa, nele tenham interesse o seu cônjuge ou pessoa com quem viva em condições análogas às dos cônjuges, não podendo, nos termos do n.º 3 do mesmo artigo, haver lugar, no âmbito do procedimento administrativo, à prestação de serviços de consultoria, ou outros, a favor do responsável pela respectiva direcção ou de quaisquer sujeitos públicos da relação jurídica procedimental, por parte de entidades relativamente às quais se verifique qualquer das situações referidas. Até aqui, senhores advogados, falhei algo?Tal como, o art. 73º do CPA, que determina que os visados peçam dispensa de intervir no procedimento ou em acto ou contrato de direito público ou privado da Administração Pública quando ocorra circunstância pela qual se possa com razoabilidade duvidar seriamente da imparcialidade da sua conduta ou decisão. Acresce ainda, o preceito legal vertido no art. 8º da Lei 27/96 de 1 de Agosto, que prevê a perda do mandato, em situações como as do caso em apreço.
Todas as incompatibilidades supra referidas e respeitantes à Senhora Dra. Cristina Almeida Henriques, são igualmente aplicáveis ao Sr. Vereador da CMV e Director da Associação Viseu Marca Dr Jorge Sobrado, pelos mesmo motivos, na minha modesta opinião realizada tão só à luz dos factos e sem qualquer outro juízo pessoal.
Devia na ocasião este ter-se abstido de integrar o Júri à semelhança do que deveria ter feito a Sra. Dra. Cristina Almeida Henriques. Por sua vez, o Sr Vereador Sobrado, na qualidade de Director desta associação de interesse público, deu emprego à própria mulher, Bárbara Sobrado, delegando-lhe os poderes de direcção, como técnica superior, contra o pagamento de um salário condicente com a responsabilidade do cargo que ocupa, como a Sábado noticia. Bárbara Sobrado, que é simultaneamente sócia maioritária e gerente de uma outra empresa com o mesmo objecto social da Viseu Marca e que pode ser consultado no Portal da Justiça (EstreiaEnredo Comunicação, Lda).
A SÁBADO afinal ficou-se pela espuma do que consta na cidade à boca pequena mas ainda assim fizeram o papel que lhes compete.
Ao MP caberá decidir se existe ou não matéria que ultrapasse a lei.
O que me incomoda nisto é perceber que a Viseu Marca poderá ser o que no País passe a ser entendido como a Marca de Viseu e os viseenses não merecem isso.
08/09/2020
As famigeradas acessibilidades da Região de Viseu e a acção política local
É vulgar dizer-se que Viseu nasceu de um cruzamento de vias romanas e José Coelho chega a apontar uma dúzia delas. E fala-se nisso para mostrar a importância geográfica, geoestratégica até de Viseu no espaço ibérico. O facto é que o concelho e região de Viseu pela sua localização geográfica, privilegiada em relação ao restante território (proximidade espacial ao litoral e a Espanha) não encontra no seu território um conjunto de acessibilidade que corresponda aos padrões europeus. O IP3 é uma miséria há anos e vai continuar a ser mas de cara lavada com mais uns milhões em cima, as AE resultaram da adaptação vulgar dos ex-IP´s e Viseu cá continua ano após ano, a ser esta encruzilhada em que as vias servem mais para levar que trazer!
A oferta de boas acessibilidades, é condição essencial para que a região possa competir através de factores que advêm indirectamente das infraestruturas de comunicação são elas, a competitividade com redução dos custos de transporte, a redução de tempos de duração de viagem e a segurança dos viajante. Isto tudo com a devida manutenção ao piso, adequada sinalização, atenção à sinistralidade, ao volume de tráfego, a correção de traçados ou a construção de variantes às povoações. Todas estas obras são cobertas pelos impostos cobrados através do imposto de circulação e o adicional aos dos combustíveis, entre outros esbulhos ao bolso do contribuinte.
Na região os
últimos grandes investimentos ocorreram com a construção da ligação da R 230
Tondela-Carregal do Sal, da A 24 de raiz (a 2ª autoestrada com menos tráfego do
país) e da A 25 com a destruição parcial do IP 5, que culminou sem a oferta de
uma via rápida sem custos para o utilizador (esmifrado pelas parcerias público
privadas em que a ministra da (des)coesão ainda não arranjou uma solução). A
região continua à espera da conclusão do IC 12 (Canas-Mangualde A 25), do IC 6
(Tábua-Seia), do IC 37 (Viseu-Seia) e da EN 329 (Vila Nova de Paiva-Moimenta)
nada se sabe. Durante os últimos anos aos nossos governantes (incluindo os locais),
nunca lhes passou pela cabeça a elaboração de um grande plano de beneficiação
de estradas nacionais que visasse a eliminação de traçados sinuosos (as curvas
que bordejam os vales dos rios), construção de viadutos para vencer desníveis,
construção de variantes às povoações e
adição de faixas para veículos lentos. Muitos kilómetros de estrada
beneficiariam deste efeito nomeadamente a EN 231 Viseu-Nelas, a EN 232
Mangualde-Gouveia, a EN 229 Sátão-Aguiar da Beira e a EN 228 Vouzela-Mortágua.
Recentemente a EN229 veio para os jornais, uma vez mais uma questão muito politizada, com a inútil demissão de responsabilidades por parte de todos os agentes políticos, autarcas, deputados eleitos pelo círculo eleitoral, com o contributo involuntário e invisível, da passividade das gentes locais. A desculpa da falta de fundos, mesmo quando o advento dos fundos comunitários jorravam dinheiro para a construção de estradas, os senhores decisores nunca se lembraram de amealhar para mandar efectuar e efectivar estudos de traçados prévios. Para acabar de vez com a chaga, para acabar com uma estrada com elevado volume de tráfego, os atravessamentos de núcleos urbanos (que cresceram exponencialmente nas últimas décadas e que não são qualificados no que concerne ao espaço público), com geometria de via, herdada do início século passado e não adaptada aos veículos que permitem circular em alta velocidade.
A EN229 é também
ela o melhor retrato da qualidade dos politicos locais, muito poderosos no
Rossio mas completamente ignorados no Terreiro do Paço. Já teve promessas de 4
faixas do PS, Junqueiro pois então quem havia de ser, de protocolos laranja de
Ruas a Almeida Henriques e no final, é agora alvo de mais um contrato
compromisso que logo que passem as eleições é um contrato pró lixo!
A EN 229 é um
exemplo exímio do que não deve ser uma via de comunicação, com a agravante de
ser um eixo de ligação entre Viseu e o Alto douro Vinhateiro com ligação, a
Aguiar da Beira, Sernancelhe, Penedono e São João da Pesqueira, e parte dos
percursos decididos pelos condutores que vêm de Moimenta da Beira e Vila Nova
de Paiva. Ademais o traçado entre o Sátão e Viseu é suporte das deslocações
pendulares diárias e dos veículos de socorro que se deslocam para o hospital de
Viseu. Anos e anos de espera, discussão nos gabinetes, passar de culpas,
desresponsabilização de obrigatoriedades, encontrou-se soluções amputadas
carregadas de polémica, com uma tímida contestação logo tomada por interesses
partidários para luta política e na busca de protagonismo. A polémica centra-se
no concelho de Viseu, na freguesia de Rio de Loba, com a preconização de uma
solução viária, um troço variante para servir com uma única premissa a zona
industrial de Mundão e requalificação do restante troço com a contribuição da
Câmara Municipal de Viseu e do Sátão. Uma ligação que tem como ponto de partida
uma curva da antiga IP 5, um futuro nó de acesso que atravessará o Vale de
Fachas, tudo isto já representado no Plano Director Municipal. (ver figura).
Este “vale” possui uma importante reserva de subterrânea de água com captações
para abastecimento de água potável aos residentes da freguesia, como dois reservatórios de Água dos Serviços
Municipalizados, mancha florestal consistente com espaços agrícolas e percurso
pedestre (grande rota de mamaltar de Fachas) instalações desportivas sem
esquecer o património arqueológico. Também se prevê rasgar o tecido urbano do
centro de Rio de Loba, com ligação à circular de Viseu (ver fígura) uma solução
com impactos negativos como a poluição ou o ruído. A elaboração do plano
director municipal, oculta-se, não se representa graficamente as restrições e
condicionantes ambientais e físicas que o extenso território possui, para
evitar chatices e aborrecimentos prolongados a algum técnico. Denota-se também
um desconhecimento crónico do território e suas particularidades que só se
vislumbra com visitas aos locais. Assim legitima-se uma solução com impactos
ambientais incalculáveis, sem a exploração de traçados alternativos,
respeitando as condicionantes que o território possui, que não prejudique os
aglomerados urbanos e que ofereça mais valias já referidas atrás. O edil e
restante vereação local escusa-se e omite todas estas atitudes para legitimar
outras apostas (como o parque industrial de Mundão), só se preocupa com a sua
imagem e com jogo político de passa culpas nem questiona ou negoceia
alternativas com a Infraestruturas de Portugal que se serviu do pré traçado
para o desenho rigoroso. Deixo aqui um humilde e franco contributo, não muito
rigoroso (com possíveis alternativas) com prováveis debilidades ou
inconsistências (já que quem contesta também não apresenta alternativas).
Foram tidos em
conta os seguintes parâmetros:
●
Afastamento de localidades;
●
Possibilidade de valorização de
infraestruturas industriais e logísticas com a aproximação a estas;
●
Minimização de impactos negativos
na estrutura ecológica, agrícola, linhas de água e zonas de erosão;
●
Possibilidade de alargamento
futuro no número de faixas de rodagem;
●
Desvio de fluxos de trânsito
provenientes de outras zonas geográficas.
Alternativa 1
Permite um acesso qualificado ao aeródromo e a Lordosa, permite desviar o trânsito viário para a A24, gozaria de uma orografia favorável com pouco impacto na estrutura ecológica municipal, mas necessitaria de protecção devido à presença de uma cabeceira de uma linha de água. O Traçado inicia-se e aproveitaria numa estrada municipal projectada no Plano director municipal, e alguns caminhos rurais, o traçado é mais extenso, uma verdadeira alternativa à parte mais saturada da EN 229, possibilita um alargamento futuro de vias e maior velocidade praticada.
Alternativa 2
Permite um acesso
qualificado à zona industrial de Mundão, com orografia um pouco desfavorável
mais a norte, com impacto na estrutura agrícola que pode ser contrariado pela
construção de um viaduto, mas com impacto paisagístico (um possível motivo de
satisfação pela população local). O traçado inicia-se e aproveitaria numa
estrada municipal projectada no Plano director municipal, o traçado é menos
extenso, desvia o trânsito dos aglomerados urbanos da EN 229, a velocidade
praticada seria um pouco menor face à alternativa 1.
Todas estas
alternativas implicam um aumento de trânsito na radial de Santiago, mas
aproxima os habitantes da quinta do Catavejo e do bairro da Torre ao Centro da
Cidade e a qualificação do espaço público da EN 229 na zona de Travassós e da
Quinta de São João da Carreira, que tão bem necessita e anseiam os moradores.
Para ilustrar o raciocínio exponho atrás as condicionantes que foram tidas em conta, para mostrar como se deve exercer o desígnio público de transparência para o bem de todos e se possa discutir abertamente. Valem o que valem e também não duvido que quem as devia valorizar as ignora. Pérolas a porcos, dizem-me alguns. Talvez, mas ainda há muitos e muitos e tantos e tantos viseenses que merecem melhor, melhores vias de comunicação e melhores vidas para si e para as gerações vindouras.
31/08/2020
Desmitificar as “Smart City” e o exemplo de Viseu
O desenvolvimento urbano das cidades ao longo dos tempos, sofreu inúmeras transformações desencadeadas por factores económicos, militares (defesa), políticos (novos regimes institucionais), demográficos e pelos desastres naturais. Transformações essas que resultaram de estímulos advindos da sociedade civil, do comércio, de individualidades culturais, bem como a ameaças à integridade física (invasões de forças estrangeiras) ou de reacções reivindicativas com vista à ruptura de condições de vida degradantes das gentes citadinas. Assim as cidades, têm sido um resultado de inúmeras metamorfoses ocorridas durante séculos. Desde o século XIX com a revolução industrial, as cidades foram palco da introdução de inúmeras novidades tecnológicas, a começar com o vapor, até aos dispositivos electrónicos comutados em rede (o mundo virtual) dos nossos dias. Com o desenvolvimento tecnológico num ritmo acelerado, este impõe-se no nosso quotidiano e é forçosamente equacionado na gestão urbanística, na mobilidade, ao serviço da economia e da qualidade de vida. As cidades são o meio fulcral para oferecer de um modo equitativo as benesses geradas pela tecnologia, mas depende de muitos factores que não podem ser negligenciados rumo a uma cidade inteligente (smart city). Os factores ou pilares que consolidam a ideia de “smart city” devem ser trabalhados com vista à constituição de fortes bases que impeçam a ruptura ou o fracasso do novo modelo de “cidade inteligente” e são os seguintes:
Factores
imprescindíveis de transformação para constituir uma “smart city”
● Uma
sociedade inteligente sendo imperioso existir:
§
Altos níveis de produtividade laboral e
indivíduos com graus académicos elevados;
§
Abertura e coesão territorial;
§
Abordagens flexíveis sobre o trabalho (em casa)
e o quotidiano;
§
Diversidade social e étnica com perspectiva
cosmopolita da vida urbana na geração de mais valias urbanas;
§
Foco permanente para a geração de
empreendedorismo e zelo profissional;
§
Cidadania activa, preocupada e participativa no
desenvolvimento urbano e pluralidade cultural, sem clientelas.
● Uma
economia inteligente sendo imperioso existir:
§
Alto nível de emprego a tempo inteiro e
produtividade económica elevada;
§
Atracção de empreendedores exteriores e de
diversas geografias com fixação de empresas sólidas financeiramente;
§
Força de trabalho capacitada profissionalmente e
com formação ao longo da vida;
§
Apoio ao 1º emprego (jovem) e às pequenas
empresas;
§
Evitar a extemporaneidade das medidas de apoio
económico;
§
Geração de ideias inovadoras associados aos produtos
de fabrico local.
§
Boas acessibilidades e com conectividade
internacional com manutenção devida;
§
Sistemas de transporte de emissões reduzidas (ou
ecológicas) ajustados à população, dimensão territorial e aos movimentos
pendulares;
§
Segurança física garantida pela integridade
estrutural e sistemas de monitorização e controlo do tráfego, da capacidade
logística;
§
Caracterização estatística do volume do tráfego,
de suporte às apps de informação de mobilidade.
●
Uma qualidade de vida inteligente sendo imperioso existir
§
Grau de literacia elevada e global no domínio
dos sistemas digitais de informação e acesso facilitado a todas as faixas
etárias;
§
Melhores cuidados de saúde na comunidade e de
proximidade;;
§
Combate a situações de isolamento social
(idosos);
§
Planeamento e gestão urbana e territorial
inovador(a), integrada com outras disciplinas (economia);
● Um
modelo de governação inteligente (o mais fundamental e imperioso
implementar)
§
Acesso à informação sem restrições nem perdas de
tempo, bem como a instalações e serviços de apoio;
§
Participação democrática activa e bom
relacionamento pessoal entre executivo e oposição e respeito pelas intervenções
vindas de todas as gerações etárias;
§
Promover o policiamento de proximidade, controlo
da criminalidade e vigilância florestal sem restrição de meios materiais;
§
Suportes que influenciem um planeamento urbano
resiliente;
§
Respostas às queixas e requisitos dos cidadãos
com garantias de resposta a situações inesperadas e oferta de dados abertos
para estimular a investigação;
§
Recolha de informação de segurança para gestão
dos riscos naturais das plataformas de comércio online, cloud e finalmente,
● Um
modelo de gestão ambiental inteligente capaz de realizar a:
§
Gestão de proximidade e em tempo real dos
recursos aquíferos, resíduos sólidos urbanos (domésticos e industriais) e da
biomassa florestal;
§
Gestão, monitorização e manutenção das
infraestruturas de energia para o seu uso ser eficiente;
§
Controlo e monitorização das partículas de
poluição, pragas e medição do ruído
Estas são as
premissas que permitem uma aposta indefectível com garantias de sucesso para
tornar territórios em espaços de inteligência urbana.
Aqui chegados impõe-se a seguinte pergunta ao atento leitor:
As acções do actual executivo camarário coadunam-se com as
premissas atrás referidas? Está conforme a ladainha desenhada na Divisão de
Comunicação da Viseu marca paga pelo erário público ou mnemónica proferida pelo
edil? A propaganda está alinhada com a realidade quotidiana da cidade?
Deixo a resposta para o leitor mas permitam que adiante
alguns considerandos para melhor reflexão. Só uma abordagem multidisciplinar
com a devida independência dos profissionais alocados ao estudo e aprofundamento
das estratégias se garante que no futuro os benefícios atinjam todos os
cidadãos. Se todos tivéssemos incutidos nessa nova realidade, todos já
gozaríamos dos seguintes benefícios
● Uma vida
sustentável com qualidade de vida segurança, social, sem necessidades
económicas, de estima de cada indivíduo e ambiente urbano saudável;
●
Desenvolvimento urbano que garanta a segurança física dos moradores, ao mesmo
tempo em que optimiza o uso dos recursos naturais, sem esquecer as ferramentas
de info-mobilidade, e o transporte inteligente;
● De
participação pública e discussão online com liberdade de expressão com partilha
de conhecimento entre os residentes, governo, e parceiros económicos;
● Cultura
para fornecer liberdade para os agentes culturais serem criativos (com a
realidade virtual) e oferecer experiências de bons momentos com amigos e
família.
Abstraindo da soberba de alguém que para se afirmar nesta
matéria assina a correspondência como coordenador da secção de cidades
inteligentes da ANMP vamos a factos e evidências.
A propaganda refere 100 mil
habitantes no concelho o que não sendo exacto não é senão uma pequena inverdade
uma vez que nos últimos 20 anos a cidade tem estado a perder população e no
mandato em causa desde 2013 o concelho no total perdeu 1175 habitantes embora
se registe com agrado o aumento de 258 pessoas no último ano estatístico (INE)
fruto porventura de uma maior imigração especialmente brasileira na cidade,
cidade essa que só atinge as 50 mil pessoas se incluir nessa contagem as freguesias
periurbanas e de inverdades em inverdades se vai fazendo a “smart city”
e havendo, “donkey citizens” só tem que se lhe colocar a palha como deve
ser. Portanto onde é que está a dinâmica
positiva de mais de 16 mil habitantes que o edil refere nas palestras que vende
pelo palco mediático que vai comprando por aí fora com o dinheiro público como
no recente jornal das 20h da TVI que custou a módica quantia de 24.321€? Smart guy!!
O mesmo se passa com o número de alunos do Ensino Superior
que apesar de ligeiro aumento nos últimos anos tem mantido tal como na
população uma tendência negativa, pelo que os 7000 estudantes só na imaginação
do edil existem tal como já existiram nos anos em que tomou posse pela primeira
vez dos destinos da autarquia.
A prova provada da “urban
intelligence” é a instalação das 509 luminárias LED além da maior luminária
da equipa, o marido da directora do Viseu Marca que acompanhado do seu ainda
mais minorca amigo exemplo de “cidadania” e profundo conhecedor da Rua das
Bocas emprestam toda uma outra gigantesca inteligência cultural e até
estratosférica dimensão à cidade. Smart as a whip!
Nem tudo é mau e a ideia lançada
em 2014 do Viseu Estaleiro Escola foi pena ter sido abandonada. Teria sido um
bom laboratório para se responder a 3 fundamentais questões sobre o caminho a
tomar numa futura Viseu Cidade Inteligente:
- Que cidade temos?
- Que cidade queremos?
- Como activar a nossa cidade?
Sem sabermos exactamente onde
estamos, para onde queremos ir e como poderemos lá chegar continuaremos como
Alice no País das Maravilhas, perdidos num qualquer caminho. Ainda estamos a
tempo de reunir a massa critica da cidade e pensar como fazemos de Viseu um
concelho inteligente.
Enfim, para ocultar uma saga sem fim de inconseguimentos em obra feita e sem contributos para uma criar uma sociedade viseense próspera, assiste-se a este constante delírio comunicacional vazio de conteúdo. Não vale a pena usar argumentos estapafúrdios para legitimar opções ou condutas políticas com malabarismo de palavras para justificar apostas sem resultados visíveis. Viseu não necessita de gabarolas com descreve uma fábula de Esopo, porque garganta têm eles muita, resultados positivos é que nem vê-los. Aliás os viseenses preocupados com o futuro dos seus filhos e do concelho não são burros e não vale a pena insistir na receita da sobremesa de São Mateus, doce na confecção, mas amarga no consumo, já enjoa.
2021 está próximo. Viseenses, be smart!
29/08/2020
O Pavia… de Mundão ao Dão
Não é de agora e a relação rio – cidade sempre foi um aspecto primordial para o desenvolvimento urbano. A disponibilidade de água constituía um dos principais factores para o estabelecimento dos povos e os rios não forneceram somente a água como recurso escasso para a população ou para a agricultura irrigada, mas serviram também como os principais meios de comunicação, como vias de transporte para as mercadorias etc.
A história dos rios corresponde, em grande parte, à história das suas cidades: pontos de passagem, lugares de encontro, centros de intercâmbio, locais de protecção, etc. Portanto, a dinâmica do desenvolvimento de uma cidade tem muito a ver com as funções do seu rio, a importância fluvial revela-se, via de regra, na organização espacial da cidade. Pontes, cais, embarcadouros, portos fluviais formam, ainda hoje, em muitas cidades europeias os pontos estratégicos, os espaços de centralidade e os lugares emblemáticos na cidade.
A relação rio – cidade não é estática, nem estável. Ela depende de muitos factores: de ciclos económicos, das formas de comunicação e de transporte, dos processos de expansão urbana, das políticas e do planeamento urbano, do comportamento dos habitantes.
A relação rio – cidade, nas últimas décadas, tem passado por mudanças cíclicas entre decadência / degradação por um lado, e revalorização / revitalização por outro. Neste sentido, pode-se observar nos últimos anos em quase todas as cidades europeias que se localizam na beira de rios, após um longo período durante o século XX, em que os rios caíram no esquecimento, uma re-configuração das relações rio – cidade em direção a uma revalorização / revitalização, convertendo áreas decadentes e degradadas em lugares de alta atractividade e em focos actuais de desenvolvimento urbano. Cada vez mais, o rio é percebido como lugar atractivo que dá uma identidade específica à cidade, causando uma valorização progressiva das margens urbanas dos rios através de diversas funções.
Certamente que o leitor já percebeu onde o quero mergulhar, numa visão diferente do actual Pavia, longe claro dos grandes projetos “waterfront” do London Docklands em Londres, do Speicherstadt e HafenCity em Hamburgo, ou dos projetos em Lisboa, Barcelona, Oslo, Roterdão ou Paris, para citar os mais significativos mas ainda assim, num projecto diferenciador à dimensão da região e capaz de mudar a filosofia da cidade.
O rio Pavia é uma pequena linha de água (39km), afluente do rio Dão – desaguando junto a Ferreirós do Dão – fazendo parte da bacia hidrográfica do rio Mondego, a maior bacia integralmente nacional. O rio apresenta um caudal médio muito reduzido, com uma variabilidade anual e interanual relativamente significativa.
A sua “histórica” má qualidade da água fez com que tenha sido ano após ano desconsiderado pelos viseenses. Mas nem sempre foi assim, o então chamado “Rio das Barcas” chegou a ter até clubes como o Sport Ribeira e Viriato, cujas cores, vermelho e negro, Gonçalo Pais da Costa defendeu com brio e sucesso nas águas do Pavia. Também ali “O Viriato”, clube nascido em 1911, foi uma associação onde conviveram viscondes e sapateiros e que para além da natação teve equipas de “Foot-ball” e a secção de Remo, além dos animados e bem afamados bailes, capazes de fazer corar de vergonha as actuais matinés dos cotas da Mamma Mia.
José Madeira, falecido em 1992, desportista, atleta e professor de outros grandes atletas, democrata exemplar, poeta dos Postais da Cidade, guia turístico, admirado por todos os viseenses, escolhido pelo escultor Mariano Benliure para modelo da estátua de Viriato nos anos 80, creio, cantava assim o Pavia pelo pseudónimo de Ricardo Sandro:
(…)
Aos domingos – quando as lojas abriam
Para encerrarem ao meio-dia
Os caixeiros e os marçanos, todos sentiam
A fluvial euforia
De passarem a tarde nas águas do Pavia
Coisa que hoje nem se acredita!…
…Naquele tempo belo – existia
Uma marinha viseense!
As barcas da tia Cristina e da tia Rita
(Como tudo isto desapareceu)
Se recordar é vida que se renova
Pois o futuro a Deus pertence
– Meto-me numa barca e lá vou eu!…
… Passar a ponte, à vara – sem lhe tocar
singrando nas águas profundas da Parede Nova
sempre a remar a bom remar
rumo ao Poço do Nicolau
para chegar depois – ao areal da Cerdeira
lembrando praia das areias finas
atracando a barca, à sombra dos amieiros
despejo a jarra que enchi no Júlio da Ribeira
Petiscando bolinhos de bacalhau !…..
Vou até ao areal das “meninas”!
Onde faço juízos matreiros
Umas vezes à vara – outras a remar
Quantos foram hoje os meus companheiros
Nesta barca da saudade a navegar
Até às Três Pedras, até à Ponte de Pau?…
… às vezes fico a meditar
Quando escrevo estas recordações
Como era possível:
Remar!
Mergulhar!
Nadar!
Lanchar!
Navegar!
Uma tarde inteira
Nas barcas da Ribeira
Por pouco mais de dez tostões!…
Dez tostões, imaginem! Hoje não vale isso o executivo que estoura milhões num concelho que tendo o Pavia a seus pés o ignora e emporca mandato após mandato. Adiante, melhor pensar que a mesma água nunca passa duas vezes por baixo da mesma ponte e para o ano há eleições!
O Pavia que conheceu melhorias significativas no tempo de Américo Nunes enquanto vereador com este pelouro, no âmbito do programa ViseuPolis chegou a conhecer num plano original que João Gomes da Silva, arquitecto paisagista, concebeu a possibilidade de inclusão de uma praia fluvial, da construção de uma piscina, da criação do “Clube de Rio/Restaurante”, da recuperação do moinho, da levada e das casas da quinta.
Disto apenas uma ínfima parte aconteceu e continuamos hoje, à espera das prometidas 3 represas a construir no Catavejo, Travassós de Baixo e Moure para que passe a haver um espelho de água todo o ano no Rio Pavia e o Parque Linear do Rio Pavia não continue a ser motivo de pilhéria.
É facto evidente contudo que paralelamente à regeneração urbana no âmbito do Programa Polis, no início do séc. XXI, com diversas intervenções, como a coleta de águas residuais que em parte descarregavam diretamente para o Rio, a qualidade da água do rio Pavia sofreu uma melhoria significativa, o que dá para o leitor fazer uma ideia do cenário anterior e da degradação a que se deixou chegar o rio.
Também eu em tempos sonhei com um outro Pavia na cidade, e aqui relembro, “um espaço renovado onde pontua um grande lagos artificial na praça da antiga feira semanal que foi relocalizada para o interior da Cava de Viriato, e onde encontramos bares esplanadas na sua maioria deslocalizados do centro histórico para esta zona, restaurantes, áreas comerciais, artesanato local, oficinas ligadas à arte e lazer e clubes de desporto náutico. Ali e por todo o Pavia na cidade os pequenos barcos e catamarãs eléctricos e solares são às dezenas para gáudio dos turistas e visitantes, além de espaços para a prática de nautimodelismo e de eventos vários ligados à água. Ao longo de todo o percurso citadino da cidade onde foi possível tecnicamente conciliar a vida do rio com as margens da cidade hoje há uma zona alagada de água limpa, cristalina onde além do olhar banhistas, turistas e habitantes se deliciam com o prazer da água.
A cidade virou-se para o rio, vive do e para o rio e a quantidade de empregos directos e indirectos criados trouxe mais gente e mais vida a esta zona apagada da urbe. O centro histórico ficou mais visitável e o vaivém da calçada de Viriato não tem um minuto de descanso. O número de eventos que os privados promovem cobre na sua quase totalidade a maioria da procura dos residentes e turistas.
Ao lado do rio agora navegável, o verdadeiro “rio das barcas” engalanado, há zonas verdes ajardinadas e dotadas de equipamentos como casas de banho, esplanadas, percursos pedestres, parques infantis, zonas de “caça ao tesouro” e percursos de cordas que cativam diariamente os mais jovens e fisicamente destemidos.”
Dir-me-ão alguns que a utopia serve para caminhar, mas que é preciso ter os pés no chão, ou seja, é impraticável tal desígnio. Já outros o tentaram e desistiram, mas o facto é que nem tudo é igual, uns pintam o cabelo e outros são carecas. O segredo está em estudar as boas práticas e melhores soluções a par de uma definição rigorosa de prioridades em função da estratégia planeada de médio/longo prazo.
Deixo a titulo de exemplo aqui uma boa mão cheia de soluções, bastando estudar os locais e alocar os orçamentos correspondentes sendo que, hoje com parceiras privadas, boa gestão e ausência de corrupção, tudo é possível fazer. Vejamos, para tratamento da poluição ou águas turvas , para drenagem da água das zonas circundantes ao rio estas soluções ou , para a captação de água para o rio e por fim, soluções para o espaço público e/ou com diversificação de espécies nativas adequadas a períodos de seca e com abundância de chuva
Não temos mar nem o teremos dia algum, não temos montanha nem teremos nunca mas podemos ter um “spot” turístico fantástico na região que acrescente valor à cidade.
O centro histórico, outro problema sério na cidade é visitável numa manhã e pretender imaginá-lo classificado como património da UNESCO isso sim, é pura utopia para não dizer completa demagogia política. Até a oposição na cidade já percebeu isso ao sugerir Oslo, na Noruega, e a revitalização a que foi sujeito o Akerselva (Aker river) como exemplo que Viseu – conhecida como a cidade jardim e que já mereceu algumas distinções ao nível do ambiente e da qualidade de vida – devia seguir.
A pandemia hoje limita a nossa vontade física de viajar mas até mesmo para aqueles para quem o Rossio e o seu umbigo são o centro do universo basta um clique para ficarmos a conhecer outras realidades e o pretenso modelo para o Pavia aqui fica para vosso regalo. Que tal? E a S. Pedro do Sul já foram ver o que está a acontecer? Nós viseenses não conseguimos fazer igual ou melhor? Fazer desta cidade um verdadeiro jardim à beira rio? Têm a certeza?
23/08/2020
Só aceita a cabeçada quem quer
Há muito que abandonámos a utopia por uma cidade mais justa, por uma cidade onde se pudesse viver melhor. Há anos que nos vendem que esta já é a melhor cidade para viver. Como tal, isso não se discute e tornámos-nos uma sociedade um pouco hipócrita, algo niilista e bastante egoísta. A maioria vendeu os sonhos em troca de concessões pessoais aos princípios dominantes do poder nas mãos de poucos...
É assim que o medo se instala: em vez da cooperação, a competição, em vez do espírito colectivo, o meramente individual... e fomos perdendo a individualidade para passar a ser uma massa de consumidores e vítimas, sempre à espera que alguém nos salve.
A cidade vive no medo, medo de perder o emprego por causa da critica, no medo de perder o negócio por não estar de acordo, no medo de perder o estatuto por não alinhar no sistema, no medo de ser ele próprio por ter de ser igual aos outros. Mas, como diz o poeta, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!
É a esses a quem pedem para denunciar, para ser a voz critica da razão, a exposição pública do seu silêncio. É desses que falam e o fazem por cidadania que depois aqueles que calam em público fogem da sua presença para não serem relacionados com eles, os “que só sabem dizer mal”. Fazem-no porque não fogem da mentira, fogem daqueles a quem pediram para dizer a verdade.
Outros há, porém, que se socorrem deles pela utilidade que lhes oferecem. São os chamados políticos, os que aproveitam do seu trabalho critico para de seguida como virgens ofendidas aproveitarem da situação descartando-se do mensageiro. Os críticos do sistema dão imenso jeito, mas não para partilharem com eles o mesmo palco, não fosse o povo perceber de que lado está o mérito.
Uma coisa é certa, Alexandre Azevedo Pinto e a propósito da nossa conversa de ontem, num caso e noutro, só aceita a cabeçada quem quer!